Projetos de ensino alternativo chegam às escolas de Leiria

Por iniciativa dos professores ou dos pais, são já várias as escola a pôr em prática projetos pedagógicos inovadores focados no bem-estar e na felicidade das crianças. Fomos conhecer alguns e perceber como funcionam.

Nestas escolas, um dia de aulas normal pode ser no meio da floresta, sem livros, ou ao som de música. Baseadas em metodologias de linhas pedagógicas alternativas ao ensino tradicional praticado em Portugal, as aulas decorrem à luz de princípios que visam uma aprendizagem mais inclusiva, autónoma e individualizada, onde são consideradas as necessidades de cada criança, onde se promove a autonomia e a criatividade, e onde a natureza e a família fazem parte integrante do processo educativo.

E o que têm estas abordagens em comum? Pais e professores que procuram, acima de tudo, um ensino diferente, onde as crianças possam ser felizes enquanto aprendem.

No agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel (AERSI), em Carreira, Leiria, vai ser aplicado, no arranque deste ano letivo, o primeiro projeto pedagógico baseado no método de ensino alternativo da “Escola da Ponte”, desenvolvido pelo pedagogista José Pacheco.

Esta escola segue práticas educativas que se afastam do modelo tradicional e requerem uma maior participação dos alunos que, em conjunto com os orientadores (professores) definem o plano de aprendizagem. Não existem salas de aula, mas espaços de trabalho, onde são colocadas várias fontes de conhecimento à disposição dos alunos. A ideia de introduzir algumas metodologias deste modelo, no 1.º ciclo do AERSI, foi uma iniciativa dos pais.

“Alguns encarregados de educação lançaram-nos este desafio. Reunimos com o professor José Pacheco, no final do ano letivo, e ficamos muito recetivos à ideia”, conta Adélia Lopes, diretora do agrupamento.

“Aprender e ser feliz”

A previsão é que o projeto tenha início nas turmas do 1º e do 2º ano das Escolas Básicas de Moita da Roda, Ortigosa e Lameira. “Foram as escolas selecionadas por serem mais pequenas mas também por terem sido as professoras a disponibilizarem-se para ‘embarcar nesta aventura’”, explica Adélia Lopes.

Para a diretora, este projeto representa “uma oportunidade extraordinária para fazer uma escola diferente, mais focada nos alunos, e que possa ser um lugar onde as crianças sejam felizes”. “O lema do projeto educativo do nosso agrupamento é ‘aprender e ser feliz’ e este projeto tem tudo a ver com a nossa filosofia”, justifica.

A aplicação do projeto irá requerer um plano de formação para os professores e o acompanhamento permanente da equipa pedagógica da ‘Escola da Ponte’. Para a direção do agrupamento, é fundamental que este seja um projeto sustentável, a longo prazo.

“Um projeto desta natureza permite que todas as crianças sejam felizes e que se sintam capazes porque, na verdade, todas as crianças têm condições para atingir a excelência”, defende.

Na opinião de Adélia Lopes, com este projeto é possível chegar à especificidade de cada aluno e a contextualização do currículo é fundamental. “É preciso que tudo o que as crianças aprendam, faça sentido para elas, em função das suas vivências. Não nos podemos esquecer que quando, cada criança chega à escola, já traz um ‘mundo’ dentro dela. Precisamos que o currículo faça sentido dentro desse mundo. Por outro lado, é muito importante que haja um trabalho colaborativo entre professores, de partilha de experiências e saberes”, conclui.

Arte e natureza

No agrupamento de Escolas de Marrazes, há três anos que é colocado em prática um projeto de diferenciação pedagógica baseado nos princípios do modelo da Forest School (Escola da Floresta, em português), desenvolvido nos países escandinavos, desde 1950, e que fomenta a educação ao ar livre, e da abordagem de Waldorf, que aborda a criança numa perspetiva holística, tendo em conta as diferentes fases de desenvolvimento.

Chama-se “Arte e Natureza na Escola” e foi criado pela professora de ensino básico Lina Lourenço. No último ano letivo, estas aulas abrangeram mais de 30 turmas das diferentes escolas que integram este agrupamento, mas este ano, o projeto irá ser direcionado apenas para 12 a 15 turmas dos 1º e 2º anos de escolaridade, de oito escolas do 1º ciclo, pertencentes às freguesias de Amor, Marrazes e Regueira de Pontes, para que sejam mais regulares.

O objetivo é levar o currículo formal para o exterior da sala de aula e, ao longo dos últimos tempos, tem sido possível realizar as aulas em ambiente de floresta. A professora Lina Lourenço defende que “é possível fazer muitas aprendizagens complementares fora da sala de aula, como praticar a leitura, a comunicação oral, o estudo do meio ou a matemática”, assegurando que “estas são aulas que, habitualmente, as crianças não esquecem por que se sentem mais participativas”.

De acordo com a docente, as aulas têm sido “extremamente benéficas”. “O que noto é que as crianças ficam muito mais ativas e despertas para a aprendizagem e que, quando vamos para a natureza, acabam por ganhar mais autonomia e mais criatividade”, revela, lembrando ainda a importância que as atividades de experimentação têm nas crianças do 1º ciclo.

“Nesta fase do desenvolvimento, devemos proporcionar o máximo possível de atividades ativas e privilegiar a brincadeira livre, sem elementos estruturados. Brincar é uma contribuição maravilhosa para a socialização e o bem-estar das crianças”, diz.

Sementes de Lys

Foi com o objetivo de proporcionar mais momentos de contacto com a natureza nos processos de aprendizagem que surgiu a associação Sementes de Lys. Criada em junho passado, tem uma equipa pedagógica, constituída por uma educadora de infância, uma auxiliar de ação educativa e uma professora de ensino básico.

A Sementes de Lys ainda não é uma escola reconhecida mas pretende ser. A funcionar desde 29 de agosto, a associação liderada por Ana Rita Serralheiro tem como principal objetivo prestar apoio às crianças em idade pré-escolar, em regime de ocupação de tempos livres, e do ensino básico que se encontram em “regime de ensino doméstico ou individual”.

A ideia de criar a Sementes de Lys, na Amoreira, Fátima, surgiu de uma comunidade de pais que procurava um método alternativo. “Havia um grupo interessado em fazer parte de um movimento em que as crianças pudessem estar entre as famílias, num ambiente diferente, mais perto da natureza, e com mais oportunidades para aprenderem mais por iniciativa própria, com autonomia e com liberdade e responsabilidade”, explica a diretora.

Neste momento, a associação reúne 13 famílias, de Ourém, Minde, Mira d’Aire, Cartaxo e Leiria.

As atividades são realizadas, maioritariamente em contacto com a natureza, com base numa linha pedagógica própria “fundamentada nos valores da associação, da equipa pedagógica e das famílias das crianças, que estão muito alinhadas com os valores da liberdade, do amor, da autonomia e do respeito”, explica Ana Rita Serralheiro, salvaguardando que, apesar de não se identificarem com nenhuma linha pedagógica, há ferramentas e valores de alguns modelos que aplicam.

É o caso do modelo da Escola da Ponte. “Fundamenta muito os princípios e os valores da autonomia e, neste sentido, alinhamo-nos com o modelo. No que respeita à promoção da criatividade e à organização do ambiente, podemos implementar ferramentas das pedagogias Waldorf e do método desenvolvido pela médica e pedagoga Maria Montessori, que foca a educação sensorial”, conta.

Para a Sementes de Lys, o ambiente é um dos pilares mais importantes no processo de aprendizagem. “Numa sala de aula, não há muitas oportunidades para um processo de aprendizagem criativo. O ambiente na aldeia é rico, dinâmico e tem materiais diversificados, de pesquisa e de aventura. Esta exploração traz muito mais riqueza do que aprender, por instrução, num momento em que as crianças estão passivas”, conclui Ana Rita Serralheiro.

Método Reggio Emilia em ateliês

O método criado em Itália na cidade Reggio Emilia, pelo professor e pedagogo Loris Malaguzzi, após a segunda guerra mundial, e que, hoje em dia, ainda é aplicado em várias escolas de Itália e de todo o mundo, também é praticado em Leiria.

A educadora Ana Lopes Mesquita, depois de ter passado no colégio Cubo Mágico, em Leiria, onde implementou o método de ensino Reggio Emilia, em 2013, decidiu criar uma abordagem própria, inspirada no modelo italiano – o Kalambaka – para formar outros educadores e professores e proporcionar ateliês onde as crianças podem ter acesso a diferentes atividades, baseadas nesta abordagem pedagógica, nos tempos livres.

O projeto foi criado em 2021 e, a partir de outubro, contará com ateliês semanais, destinados a crianças, entre os 2 e os 10 anos. A partir de setembro, será organizado um ateliê mensal, no último domingo do mês, com atividades dirigidas às crianças e às famílias (rua Miguel Torga, em Leiria).

Como funciona? “Os educadores partem do princípio de que a criança é um ser capaz e competente e que tem protagonismo na construção do seu percurso educativo. Há um foco muito grande na relação que é criada entre a criança e o educador e entre a criança e o conhecimento, e os diferentes contextos de aprendizagem”, explica Ana Lopes Mesquita.

Nesta abordagem, existem múltiplas inteligências e diferentes formas de compreender e comunicar o mundo e, por isso, “não existe um programa pedagógico pré-definido, ele é construído, a partir do diálogo entre a criança e o educador, e através das ‘100 linguagens’, que são as diferentes formas de comunicar o mundo, como a pintura, a moldagem, o digital, o desenho”, esclarece.

Fonte: in site Região de Leiria

A educação na Freguesia de Amor

Amor

Escola Mista de Amor

Professores:

1939/1942 – Helena Maria Simões Domingues

1944/1946 – Elvira Guapo Garção

1957/1970 – Henrique Gaspar Alves Mendes (fotografia e objetos pessoais no Museu Escolar dos Marrazes)

Casal dos Claros

1949, 29 de Abril
Compra de terreno a Manuel Dinis Pedro por escritura de 29-04-1949 para a construção do edifício. Era uma terra de semeadura e árvores de fruto sita em Casal dos Claros, com área de 1458 m², confrontando com a Norte com Francisco Dinis Pedro, a Sul com a Estrada Municipal de Amor à Coucinheira, a Nascente com Maria Margarida, Joaquina Duarte Gil e Jacinto Dinis Pedro, e a Poente com Joaquim dos Santos e Maria Carvalheiro

Coucinheira

1939, 9 de Maio
Instalação do “Posto de Ensino” numa casa de José Gaudêncio, pedindo este 40 escudos de renda. A Câmara Municipal informa a Junta de Freguesia de Amor que apenas pagará uma renda até 30 escudos e se a casa satisfizer as condições necessárias.

1939/1945 – Manuel António – Professor do Posto Escolar para sexo masculino de Coucinheira

1940 – Maria da Piedade André – Professora do Posto Escolar para sexo feminino de Coucinheira

Censo de Dezembro de 1930

Freguesia de Amor
Recenseados: 2092
Homens: 951 = 601 solteiros + 323 casados + 27 viúvos
Mulheres: 1137 = 644 solteiras + 389 casadas + 1 divorciada + 103 viúvas
Fogos: 541

Naturalidade
Naturais do Concelho de Leiria: 2080
Naturais de outro concelho do Distrito de Leiria: 2
Naturais de fora do Distrito de Leiria: 6

Literacia
784 homens e 1113 mulheres analfabetos
167 homens e 24 mulheres que sabem ler

Particularidades

  • Aparece pela primeira vez a referência a “uma mulher divorciada”.

Lisboa
Imprensa Nacional
1933

Censo de Dezembro de 1920

Freguesia de Amor
Recenseados: 1894
Homens: 893 = 558 solteiros + 314 casados + 21 viúvos
Mulheres: 1001 = 571 solteiras + 336 casadas + 94 viúvas
Fogos: 441

Naturalidade
Naturais do Concelho de Leiria: 1877
Naturais de outro concelho do Distrito de Leiria: 5
Naturais de fora do Distrito de Leiria: 12

Literacia
778 homens e 980 mulheres analfabetos
115 homens e 21 mulheres que sabem ler


Lisboa
Imprensa Nacional
1923

Censo no 1º de Dezembro de 1911

Freguesia de Amor
Recenseados: 1731
Homens: 836 = 539 solteiros + 284 casados + 1 divorciado + 12 viúvos
Mulheres: 895 = 518 solteiras + 318 casadas + 59 viúvas
Fogos: 424

Naturalidade
Naturais do Concelho de Leiria: 1729
Naturais de fora do Distrito de Leiria: 2

Literacia
752 homens e 888 mulheres analfabetos
84 homens e 7 mulheres que sabem ler

Distribuição por lugares
Amor: 80 fogos – 340 habitantes
Barreiros: 100 fogos – 462 habitantes
Brejo: 3 fogos – 15 habitantes
Casal dos Claros: 66 fogos – 170 habitantes
Casal Novo: 16 fogos – 3 habitantes
Coucinheira: 98 fogos – 352 habitantes
Francelheira: 30 fogos – 160 habitantes
Ribeira da Escoura: 16 fogos – 83 habitantes
Ribeira do Magro: 7 fogos – 28 habitantes
Touco: 4 fogos – 32 habitantes
População dispersa: 4 fogos – 16 habitantes

Particularidades

  • Não existe distribuição por classes etárias.
  • Aparece pela primeira vez a referência a “um homem divorciado”.

Lisboa
Imprensa Nacional
1913

Censo no 1º de Dezembro de 1900

Freguesia de Amor
Recenseados: 1536 – apenas 1534 de facto, os restantes estavam ausentes
Homens: 701 = 446 solteiros + 210 casados + 15 viúvos
Mulheres: 833 = 489 solteiras + 267 casadas + 77 viúvas
Fogos: 357

Naturalidade
Naturais do Concelho de Leiria: 1508
Naturais de outros concelhos portugueses: 22
Estrangeiros: 4

Literacia
81 homens e 9 mulheres que sabem ler

Particularidades

  • Não existe distribuição por classes etárias.
  • Aparece pela primeira vez a referência a “separados judicialmente”, mas não existiam casos na Freguesia de Amor.

Lisboa
Imprensa Nacional
1905

Censo no 1º de Dezembro de 1890

Freguesia de Amor
Recenseados: 1626 – apenas 1529 de facto, os restantes estavam ausentes
Homens: 714 = 447 solteiros + 249 casados + 18 viúvos
Mulheres: 815 = 481 solteiras + 281 casadas + 53 viúvas
Fogos: 366

Literacia
60 homens e 6 mulheres que sabem ler e escrever
7 homens e 5 mulheres que sabem ler

Particularidades

  • Não existe distribuição por classes etárias-
  • Refere, erradamente, que todos os moradores eram naturais do concelho de Leiria.

Lisboa
Imprensa Nacional
1896

Censo no 1º de Janeiro 1878

Freguesia de Amor
Recenseados: 1314
Homens: 635 = 337 solteiros + 223 casados + 25 viúvos
Mulheres: 679 = 413 solteiras + 225 casadas + 41 viúvas
Fogos: 317

Literacia
19 homens e 2 mulheres que sabiam ler e escrever
35 homens e 7 mulheres que sabiam ler

Particularidades

  • Pessoas com idade desconhecida: 1 homem solteiro, 1 homem casado, 8 mulheres solteiras e 1 casada.
  • 1 homem viúvo com idade entre 96 e 100 anos, e 2 mulheres viúvas com idade entre os 86 e os 90 anos.
  • Maior número de pessoas na classe entre o 1 e os 5 anos (153, entre 68 meninos e 85 meninas)

Lisboa
Imprensa Nacional
1878

Escola nos Barreiros pronta a estrear

Assuntos de Instrução Primária
Estão já concluidos e vão ser entregues ao Estado, para efeitos da lei n.º1114, cinco magnificos edificios escolares, mandados construir por vários individuos, cverdadeiros beneméritos da instrução, nas seguintes povoações do nosso concelho: Vale do Horto, Barreiros, Barracão, Ortigosa e Lameira.
A sua edificação, que nos dizem ter sido feita com bastante gôsto e solidês, obedeceu ao traçado duma planta fornecida pela Direcção Geral.
São mais cinto farois que se vão acender nesses lugares, para encherem de luz os pequeninos cérebros das criancinhas.
São mais cinco templos de edulocação que vão ser espalhados pelo nosso concelho e destinados a arrancar das trevas da ignorância um sem número de pequeninos seres, tornando-os aptos para a vida e cidadãos prestimosos da terra que lhe serviu de berço.
É necessário agora que os habitantes dos referidos lugares ponham de parte os ressentimentos que por vezes os anima e saibam cumprir o seu dever, mandando os seus filhos á escola.
Templo sagrado, templo da instrução, é ali que os pequeninos vão aprender a trilhar firmemente o caminho tortuoso da vida; é ali que êles vão receber a sólida educação que os há-de tornar homens livres e conscientes dos seus deveres; é ali, finalmente que êles vão abrir os olhos e conhecer todo o mundo que os rodeia.
Por isso, a todos os pais que nos lerem, nós rogamos que obriguem os seus filhos a frequentar essas escolas, porque elas saberão transformá-los em homens de valor e em cidadãos capazes de amar e defender esta Pátria que foi a Pátria de grandes poetas, como Camões, e de grandes guerreiros, como Afonso de Albuquerque.

Fonte: Jornal “Voz do Povo“, 18 de janeiro de 1925