Cancioneiro amorense. Ceifeiras

Olha a ceifeira tão engraçada
Blusa de chita, saia rodada
Saia rodada, chapéu ao lado
Olha aqui está um traje engraçado.


A minha foice é velhinha
Foi minha avó que ma deixou
Já minha mãe foi criada
Com o trigo que ela ceifou

Refrão

A minha foice é velhinha
Já não presta para nada
Ceifou trigo, ceifou milho
E também ceifou cevada.

Refrão

Vamos para a ceifa meninas
Começar um novo dia
Cantemos ao desafio
Como melro e cotovia.

Refrão

Levamos chapéu de palha
Que o calor não faz tristeza
Quando se canta e vive em paz
E no meio da natureza.

Refrão


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Data: Desconhecida
Recolhida por Catarina Rodrigues Oliveira, publicada na sua tese “Memórias da minha terra – Amor uma aldeia, um património

Cancioneiro amorense. Erva-cidreira

Uma moça completa na maior força de amar
Jura amor que eu também juro não me andes a falsear
Não me andes a falsear meu amor agora agora
Meia volta troca o par meu amor eu vou-me embora.


Ó erva-cidreira do jardim de amor
Quanto mais te rego mais ficas em flor
Mais ficas em flor mais a rosa cheira
Do jardim de amor ó erva-cidreira.

Refrão

Ó erva-cidreira dos campos do Lis
Quanto mais te rego mais eu sou feliz
Mais eu sou feliz mais a rosa cheira
Dos campos do Lis ó erva-cidreira.

Refrão

Ó erva-cidreira que estás no jardim
Quanto mais te rego mais ficas assim
Mais ficas assim mais a rosa cheira
Que estás no jardim ó erva-cidreira.

Refrão

Ó erva-cidreira que estás no telhado
Quanto mais te rego mais pendes p’ro lado
Mais pendes p’ro lado mais a rosa cheira
Que estás no telhado ó erva-cidreira.

Refrão


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Recolhida por Catarina Rodrigues Oliveira, publicada na sua tese “Memórias da minha terra – Amor uma aldeia, um património

Cancioneiro amorense. Enleio

Ó enleio três vezes enleio
Todas as três ao meu recreio
Eu quis-me enlear contigo
É enleio ó enleio.

O escalracho é enleio
Que se enleia pelo chão
Também o amor se enleia
Em redor do coração.

Refrão

Fiz a cama na varanda
Julgando que era Verão
Não há que fiar nos homens
Nem de primo nem de irmão.

Refrão

Ó enleio quem te enleou
Ao mais alto cipreste
Eu quis-me enlear contigo
Ó enleio tu não quiseste

Refrão

Quando eu quis tu não quiseste
Querias ser mais do que eu
Agora que tu já queres
Agora não quero eu.

Refrão


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Recolhida por Catarina Rodrigues Oliveira, publicada na sua tese “Memórias da minha terra – Amor uma aldeia, um património

Cancioneiro amorense. Verde-gaio

Ó verde-gaio toma lá toma lá
Ó verde-gaio toma lá dá cá
Ó verde-gaio toma lá toma lá
Ó verde-gaio toma lá dá cá

As penas do verde-gaio
São verdes e amarelas
Não me toques se não caio
Eu estou fraco das canelas.

Refrão

Dizem que gostas de mim
Eu de ti gosto também
Faremos um lindo par
Como nós não há ninguém.

Refrão

Debaixo do chão dez metros
Ouvi estalar uma raiz
Não digas que me deixaste
Fui eu é que te não quis.

Refrão

Amei-te perdi o tempo
Essa conta já fazia
Como não era deveras
Não ganhava nem perdia.

Refrão


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Recolhida por Catarina Rodrigues Oliveira, publicada na sua tese “Memórias da minha terra – Amor uma aldeia, um património

Cancioneiro amorense. Ó Rosita

Ó Rosita eu pedi-te um beijo
Ó Rosita eu pedi pedi.
Ó Rosita eu pedi-te um beijo
Ó Rosita eu pedi pedi.
Passaste não me falaste
Nem para mim olhaste
Mas eu bem te vi.
Passaste não me falaste
Nem para mim olhaste
Mas eu bem te vi.

Anda cá que eu não vou lá
Anda cá que eu lá não vou
Não me ajuda o coração
Amar quem me deixou.

Refrão

Anda lá para diante
Arreda-te do caminho
Quem vai para amar o outro
Não vai tão devagarinho.

Refrão

O meu amor disse à mãe
Que me havia de deixar
Primeiro deixei-o eu
Toma lá vai-te gabar.

Refrão


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Cancioneiro amorense. Ó prima ó rica prima

Ó prima ó rica prima
Ó prima ó rica aurora
Ó prima ó rica prima
É tão nova e já namora.

Ó Rosa tu não consintas
Que o cravo te ponha a mão
Uma rosa enxovalhada
Já não tem aceitação.

Refrão

Ó meu amor meu amor
Não te posso chamar meu
És amor de quem tu quiseres
A fama tenho-a eu.

Refrão

Ó meu amor vai e vem
À volta vem por aqui
Eu abaixarei os meus olhos
Jurarei que os teus não vi.

Refrão

Não olhes para mim não olhes
Eu não sou o teu amor
Eu não sou como a figueira
Que dá fruto sem flor.

Refrão


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Cancioneiro amorense. Limões

Que lindos limões que lindos que são
Em cima da cama debaixo da rama eu deito-lhes a mão
Que lindos limões que lindas donzelas
Debaixo da rama em cima da cama eu abraço-me a elas.

A subir ao limoeiro
Para apanhar um limão
Ouvi uma voz a gritar, olaré
Fora, fora que é ladrão
Ouvi uma voz a gritar olaré
Fora, fora que é ladrão.

Refrão

Deitei um limão correndo
Á tua porta parou
Deitei um limão correndo
Á tua porta parou
Quando o limão te quer bem, olaré
Faria quem o deitou
Quando o limão te quer bem, olaré
Faria quem o deitou.

Refrão

A laranja foi à fonte
O limão foi atrás dela
A laranja bebeu água, olaré
O limão olhou para ela
A laranja bebeu água, olaré
O limão olhou para ela.

Refrão

O limão é fruto azedo
Criado no verde-escuro
Ninguém se pode gabar, olaré
Que tem seu amor seguro
Ninguém se pode gabar, olaré
Que tem seu amor seguro.

Refrão


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Cancioneiro amorense. Praias lindas e belas

Ó que praias tão lindas, tão belas
Olha amor onde eu fui parar
Assentado na areia mais ela
Apanhar o fresco do mar.

Olha o sol que lá vem, lá vem
Coradinho da cor da romã
Pé aqui, pé ali, pé além
Olha os olhos que a pequena tem.

Refrão

Olha os que a pequena tem
Olha os olhos que a pequena tinha
Da janela do meu quarto
Ai eu vejo saltar a sardinha.

Refrão

Ai eu vejo saltar a sardinha
E também o carapau
Da janela do meu quarto
Ai eu vejo se ele é bom ou mau.


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Cancioneiro amorense. Pedreiro

Estas é que são as saias
Estas é que as saias são
Foram feitas e talhadas
Na noite de S. João
Na noite de S. João
De S. João ao Natal
A menina Mariquinhas
Vai esfregar um avental.

O pedreiro cheira a cal,
O carpinteiro a madeira.

Cada qual tem seu ofício
Eu também sou lavadeira.

Eu também sou lavadeira
Lavo a roupa com sabão.

Vou lavar ao Rio Lis
À sombra do Marachão.


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Recolhida por Catarina Rodrigues Oliveira, publicada na sua tese “Memórias da minha terra – Amor uma aldeia, um património

Cancioneiro amorense. Loureiro

Elas:
Loureiro verde loureiro ó ai
Loureiro assim assim. (bis)
Namoraste uma donzela
Casa com ela ó Joaquim. (bis)

Ele:
Casar com ela não caso ó ai
Ela a mim, não me faz conta. (bis)
Loureiro verde loureiro
Seco no meio verde na ponta. (bis)

Elas:
Se o loureiro não tivesse ó ai
No meio tanto raminho. (bis)
Da janela do meu quarto
Eu via os olhos ao meu amorzinho. (bis)

Ele:
Os olhos do teu amorzinho ó ai
Os olhos da minha amada. (bis)
Se loureiro não tivesse
Tanta pernada, tanta ramada. (bis)


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