Regimento de Artilharia n.º 4 em Leiria abre portas a “Ondas da Liberdade”

O Regimento de Artilharia n.º 4 (RA4), em Leiria, recebe no sábado atividades para crianças e famílias, um debate e concerto, no âmbito da peça de teatro “Ondas da Liberdade”, inspirada no papel da rádio no 25 de Abril de 1974.

O espetáculo do Leirena Teatro, que decorre em cima de três camiões militares e que tem estreia agendada para o dia 24 de abril em Porto de Mós e repetição no dia 30 no RA4, compreende um conjunto de ações a decorrer no dia 02 de março no interior do quartel de Leiria.

“Vai ser uma revolução cultural a acontecer dentro do próprio regimento”, disse o diretor do Leirena, Frédéric da Cruz Pires, que explicou à agência Lusa esta nova aposta da companhia.

A cada estreia, a companhia quer lançar um programa paralelo, para “promoção ativa do espetáculo, convidando as pessoas a conhecerem mais sobre determinada obra ou o tema que se está a desenvolver”.

No RA4, as portas abrem na manhã de sábado ao público para sessões de mediação teatral destinadas a crianças e famílias.

“Com a parceria do Museu Escolar dos Marrazes e da Casa-Museu João Soares, vamos montar uma sala de aulas à antiga e vai haver uma mediação teatral com os participantes”.

Depois, a partir de cópias de cartazes da Casa-Museu João Soares e com orientação dos artistas plásticos Maria Leonor Cabrita e o Hirondino Pedro Duarte, “as crianças podem também fazer o seu próprio cartaz: revolucionário, de apoio político, o que for”.

À tarde, Joaquim Furtado modera a conversa “25 de Abril hoje: uma obra inacabada”, entre os investigadores António Pernas e Maria Manuel Batista sobre comportamento e atitudes, na relação entre o homem e a mulher e questões de género, que “têm vindo a repetir-se ou a manter-se mesmo após o 25 de Abril”.

O projeto paralelo de “Ondas da Liberdade” termina com o concerto “Tons de Abril”, pelos Índios da Meia Praia no bar do quartel, num tributo a Zeca Afonso e outros amigos da luta, contou Frédéric da Cruz Pires.

A entrada é livre, mas implica inscrição prévia pelo endereço eletrónico geral@leirenateatro.pt ou pelo telemóvel 916 099 432.

Fonte: in site RTP

A arte ocupa o Regimento de Artilharia em Leiria e as inscrições já abriram

Crianças, jovens, adultos, actividades para toda a família, o programa do Leirena no Regimento de Artilharia N.º 4 em Leiria vai celebrar a liberdade através da mediação artistica e está a aceitar participantes

A partir de conversas com os protagonistas envolvidos no lançamento das senhas da revolução de 1974, o Leirena concebeu Ondas da Liberdade, espectáculo de teatro que se insere nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e é uma coprodução com o Município de Porto de Mós, a Associação 25 de Abril e o Regimento de Artilharia N.º 4, em parceria com o Município de Leiria e o Teatro José Lúcio da Silva.

A criação – três camiões do exército vão receber o cenário que simula o estúdio de cada uma das rádios – será estreada na Praça da República de Porto de Mós no dia 24 de Abril, com apresentação em Leiria no RA4 a 30 de Abril.

Antes, contudo, e já a 2 de Março, um sábado, decorre nas instalações do RA4 o programa Ondas da Liberdade – Projecto Paralelo. Com início às 10 horas, envolve iniciativas para crianças, jovens, adultos e para toda a família.

Durante o dia, estão previstas actividades de mediação – “Lição de Ontem – Pedagogia Imersiva” – e o ateliê artístico “Ca Ganda Propaganda!” com Hirondino Pedro e Leonor Cabrita, além da conversa e debate “25 de Abril Hoje, Uma Obra Inacabada”, com António Pernas e Maria Manuel Batista.

A fechar, o concerto Tons de Abril, pelos Índios da Meia Praia, banda de tributo a Zeca Afonso.

Inscrições através do email geral@leirenateatro.pt ou do número 916099432.

Fonte: in site Jornal de Leiria

“Ondas da Liberdade” do Leirena chegam ao Regimento de Artilharia nº4

As portas do quartel de Leiria abrem dia 2 de março para atividades de mediação artística, debates e concerto dos Índios da Meia Praia.

O projeto paralelo do espetáculo “Ondas da Liberdade” instala-se dia 2 de março no Regimento de Artilharia nº 4, com atividades de mediação artística, debates e música para público infantojuvenil e adulto, envolvendo também os militares do quartel de Leiria.

A iniciativa é promovida pelo Leirena Teatro, no âmbito da peça “Ondas da Liberdade”, que realça o papel da rádio no 25 de Abril de 1974, e que é desenvolvido em coprodução pela companhia, pelo município de Porto de Mós e pelo RA4 celebrando os 50 anos da Revolução dos Cravos.

Dia 2 de março, a partir das 10 horas, as portas do quartel abrem para duas sessões de mediação artística “Lição de ontem – Pedagogia imersiva”, seguidas do ateliê artístico “Ca ganda propaganda!” ao início da tarde, com Hirondino Pedro e Leonor Cabrita.

Depois, a partir das 16 horas, há conversa com debate sobre “25 de Abril hoje: obra inacabada”, com o mestre em Estudos Comparados, António Pernas, e Maria Manuel Batista, professora catedrática em Línguas e Culturas.

A sessão termina às 18h30, com concerto do projeto de tributo a Zeca Afonso e amigos, Índio da Meia Praia, que apresentam “Tons de abril”.

A participação nas várias atividades implica inscrição prévia pelo e-mail geral@leirenateatro.pt e pelo telemóvel 916 099 432.

O Leirena anunciou já que o espetáculo “Ondas da Liberdade” será estreado em versão integral no dia 24 de abril na praça da República de Porto de Mós, com segunda apresentação no Regimento de Artilharia nº4 no dia 30 de abril.

Fonte: in site Região de Leiria

Manuel João Vieira, Victor Torpedo e Fernando Ribeiro, entre outros, mostram em Leiria arte inspirada por concertos

A exposição 10 Artistas Emissores – 10 Artistas Receptores é inaugurada neste sábado, 4 de Março, e resulta do segundo Ciclo de Música Exploratória Portuguesa organizado pela Fade In.

O artista plástico Manuel João Vieira (também músico e vocalista das bandas Ena Pá 2000 e Irmãos Catita) criou inspirado pelo concerto de Bernardo Devlin (co-fundador do projecto Osso Exótico na década de 80) e o fotógrafo João Ferreira, de Leiria, interveio a partir do espectáculo de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) com Marta Abreu (que também integrou, brevemente, o colectivo de Braga).

Os encontros, promovidos pela associação de acção cultural Fade In, aconteceram no contexto do segundo Ciclo de Música Exploratória Portuguesa, realizado em 2022, em Leiria.

As obras integram a exposição 10 Artistas Emissores – 10 Artistas Receptores, que é inaugurada neste sábado, 4 de Março, no foyer do Teatro José Lúcio da Silva.

Além de Manuel João Vieira (Bernardo Devlin) e João Ferreira (Adolfo Luxúria Canibal & Marta Abreu), estão representados Hirondino Pedro (Carlos Zíngaro), Carla de Sousa (Ece Canli), Ana Sobreira (Gabriel Ferrandini), Fernando Ribeiro (Luís Pestana), Carlos Vitorino (Maria da Rocha), Victor Torpedo (Bezbog), Mariana, A Miserável (David Maranha Ensemble) e Bruno Dias (Knok Knok).

A exposição estará patente até 25 de Março e pode ser visitada diariamente entre as 18 e as 22 horas.

Os concertos do segundo Ciclo de Música Exploratória Portuguesa decorreram na Igreja da Pena, na Igreja de São Pedro, na Igreja da Misericórdia (CDIL – Centro de Diálogo Intercultural de Leiria) e no Museu de Leiria entre Maio e Novembro do ano passado.

Em cada data, na plateia esteve um artista receptor desafiado a materializar, numa obra, a vivência do concerto a que assistiu (executado pelo artista emissor).

Posteriormente, e em data ainda a anunciar, segundo a Fade In, será lançado um livro, à semelhança do que aconteceu na primeira edição.

Fonte: in site Jornal de Leiria

Ricardo Araújo Pereira apresenta livro em Leiria na próxima terça-feira

O humorista vai à livraria Arquivo no dia 13 de dezembro. Hoje, dia 7, é inaugurada a coletiva “Paz traz paz”, cuja receita apurada pelo leilão das obras de 40 artistas reverte para a InPulsar.

“Ideias concretas sobre vagas – Uma história da pandemia”, de Ricardo Araújo Pereira, é apresentado em Leiria, na livraria Arquivo, no dia 13 de dezembro, com presença do autor e da editora, Bárbara Bulhosa, da Tinta da China.

O livro reúne uma selecção de textos publicados na revista “Visão” e na “Folha de S. Paulo”, entre março de 2020 e outubro de 2021.

A sessão acontece a partir das 18h30, com entrada livre.

Na programação para dezembro preparada pela livraria da avenida Combatentes da Grande Guerra, realce ainda a inauguração, hoje mesmo, 7 de dezembro, da exposição “Paz traz paz”, uma coletiva em cujas obras estão a leilão até às 20 horas de 22 de dezembro. A receita apoia a obra da associação InPulsar.

Nesta exposição, que é inaugurada às 18h30 com momento musical de Benji Bardô, estão patentes obras de Ana Frois, Ana Biscaia, Ana Luísa Cunha, Bruno Dias, Bruno Gaspar, Cartolina Limão, Catarina Domingues, Cláudia R. Sampaio, Elsa Poderosa, Fabrício Cordeiro, Hirondino Pedro, Horácio Borralho, Inês Bruto da Costa, Irene Gomes, Isabel Baraona, João Pombeiro, João dos Santos, Leonardo Rito, Lisa Teles, Maraia, Maria João Franco, Mariana A Miserável, Mário Lopes, Marta Nunes, Miguel Rondon, Neuza Matias, Nuno Costa, Nuno Fragata, Nuno Gaivoto, Nuno Sousa Vieira, Sandrine Cordeiro, Ricardo Romero, Rui Pedro Lourenço, Rita Gaspar Vieira, Sandrine Cordeiro, Sílvia Patrício, Susa Monteiro, Tenório, Teresa Gameiro, Gil e Vânia João.

Até ao final do mês, a Arquivo promove ainda a sessão “Death Café”, “um espaço para refletirmos sobre a morte e honrarmos a nossa vida” (dia 16, 18h30), o lançamento de “O cabeçalho na Lua”, de Sandrine Cordeiro (dia 17, 11h), a conversa com Eduardo Sá e Paula Galindro sobre o livro “O meu pai é meu!” (dia 17, 17h), à conversa também vão estar Maria do Rosário Pedreira e Aldina Duarte sobre o livro “Esse fado vaidoso” (dia 18, 17h) e mais uma reunião do Clube de Leitura, coordenado por Paulo Kellerman (dia 28, 18h30).

Fonte: in site Região de Leiria

Hirondino Pedro na Arquivo e mais duas novas exposições em Leiria

O artista plástico Hirondino Pedro Duarte inaugura hoje, pelas 19 horas, na livraria Arquivo, a exposição A infância recuperada.

Três novas exposições em Leiria.

A infância recuperada, de Hirondino Pedro Duarte, que o autor apresenta como ensaio em forma de instalação artística sobre a condição da infância como fundamento da criação, tem inauguração agendada para hoje, quarta-feira, 10 de Novembro, pelas 19 horas, e pode ser vista na livraria Arquivo até 3 de Dezembro.

Há um convite para a participação dos mais pequenos na inauguração e a promessa de um momento de pintura que resultará na integração das obras na exposição.

No Project Room do BAG – Banco das Artes Galeria, está patente desde 6 de Novembro From Iceland With Love, de Magdalena Margret Kjartansdottir, artista natural da Islândia.

Também no BAG continua a exposição Uma Vida Inteira, de Nuno Sousa Vieira.

Por fim, Se eu pudesse pintar poemas… é o tema da exposição de pintura de Emília Ferreira Marques, a inaugurar no sábado, 13 de Novembro, às 16 horas, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira.

Fonte: in site Jornal de Leiria

A receita de Hirondino Pedro e Sílvia Patrício para a nossa sobrevivência

“Casa comum” é uma metáfora sobre a existência em forma de exposição. Os dois artistas plásticos usam a arte e a natureza para nos falar de futuro no Banco das Artes Galeria, em Leiria.

É um dia especial para Hirondino Pedro. Desde o fim de abril já orientou dezenas de visitas à “Casa comum” que partilha com Sílvia Patrício no Banco das Artes Galeria. Mas, na semana passada, quinta-feira, esperava os alunos da Escola Básica da Coucinheira, na freguesia de Amor. “É a minha terra, andei quatro anos naquela escola”. Momento emocionalmente forte, mas, em boa verdade, todas as visitas que faz são assim. Pinta há quatro décadas, mas esta exposição é diferente. “É um receituário de salvação da vida”. Quer ali, e a partir dali, incutir princípios que nos retirem da “embrulhada existencial, ambiental e de valores em que estamos”.

Como conseguir numa exposição tal dimensão salvífica? “Uns valores [chegam] através da natureza, outros da potencialidade da arte e daquilo a que ela apela: o pensamento, o ver com atenção, o entender com a mente e o coração”.

“Nós sabemos o perigo, toda a gente nos avisa, e continuamos sem constituir um bloco de valores que nos possam tirar disto”, desabafa, como quem procura encontrar forças na desilusão.

Nessa missão conta com a artista plástica Sílvia Patrício para uma parceria feliz. “Reparei que ela estava a pintar uma natureza transcendente”. Vai daí convidou-a a construir “Casa comum”, um edifício que se constrói com muita pintura, escultura, instalação e desenho, cruzando nos dois pisos do Banco das Artes Galeria – o antigo Banco de Portugal de Leiria – o lado telúrico do pintor com a criação etérea da artista natural de França e estabelecida em Leiria.

“‘Casa Comum’ abre-se, numa reflexão a dois, que se faz como convite a todos, a nossa casa, a nossa terra, o nosso lugar, a nossa humanidade”, sintetiza online Sílvia Patrício sobre a exposição feita de “metáforas, analogias, histórias e algumas provocações”.

Fibonacci, “praia” e cobra

E, entretanto, chegam as crianças da Coucinheira. Invadem o espaço, bem-dispostas, interagindo com uma exposição que se toca, cheira, interroga. “O que é isto?”, questiona um aluno, apontando para uma pele de ovelha branca. “Pensava que era de urso polar”, diz, algo desiludido, mas refastelando-se nela.

Ali, no piso térreo, há água, terra, laranjas, plantas, muita pintura. E até um búzio, apelando à fascinante sequência de Fibonacci. Lá em cima há mais tributos à natureza e os quadros hipnóticos de Sílvia, além de umas desconcertantes braçadeiras de bronze e até uma… “praia” de areia, numa sala onde se mergulha em azul.

“A grande ideia desta exposição é a possibilidade da vida continuar a existir, a vida no sentido lato, não só humano”, conta Hirondino. Todos somos dependentes de todos, mas esquecemo-lo. “Na prática vivemos como humano a explorar e a destruir, sem ter noção disso”.

Esta exposição é “um contributo para mudar isso” a partir da consciência de cada visitante. Para alimentar essa pretensão, o pintor já fez mais de 30 visitas com crianças e adultos. E a todos explica que qualquer um pode ser artista. “Não é preciso cartão do ‘sindicato dos artistas’. É ter uma relação criativa e ativa com o mundo. É uma capacidade vital que tento aqui ativar”.

Entretanto, aos mais pequenos atiça-lhes os sentidos: “Que animais estão aqui?”. AS crianças da Coucinheira encontram a galinha, a raposa, o pássaro, o coelho e até uma cobra. “Cobra? Onde? Ah, não tinha pensado nisso, mas é mesmo”, surpreende-se Hirondino. “Eles reconhecem coisas que os adultos não reconhecem”, até porque “a velocidade normal dos adultos”, numa exposição, como na vida, “é a de ver montras”.

Também por isso, Hirondino apresenta aqui uma outra noção de beleza. “Hoje a beleza serve para vender produtos. Beleza é hoje uma noção criada pela indústria e pelo comércio”. Através da pintura e da instalação, serve-nos a versão de Platão. “Beleza é mais moral do que aparência. Sinto que a arte tem essa função”.

As reações que tem recebido são “muito positivas”. “As pessoas saem felizes: uns dizem que é fresca, outros chamam-lhe floresta, mas também há quem chegue ao lado mais político”.

No fim de tudo, o que levam desta “Casa comum” os alunos da Coucinheira? “Espero que fique na cabeça deles como uma coisa muito feliz. É a maneira de nos relacionarmos com as coisas: pela felicidade”.

A menina das meias verdes

“Casa comum” tem um ponto alto este domingo, dia 18 julho. A partir das 16 horas acontece a performance “A menina das meias verdes”, criada a interpretada por Inesa Markava no âmbito do projeto “Museus Imaginários”.

“Vai ser uma coisa miraculosa. O que ela faz é de uma beleza estonteante. Ela tem uma capacidade enorme de entender as peças e de o transpor com tal entendimento sensibilidade que nos abana emocionalmente. Vejo as peças melhor depois da performance dela”, admite Hirondino Pedro.

“Será um grande momento, vou participar mas prometo que não danço [risos]”, promete o pintor.

As inscrições para a performance “A menina das meias verdes” são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail bancodasartesgaleria@cm-leiria.pt ou telefone 244 839 619.

Autoria: Manuel Leiria

Fonte: in site Região de Leiria

E ao segundo número, a Acanto traz Arthur Sze e outros inéditos

Revista de poesia publicada em Leiria anuncia autores nunca traduzidos em Portugal

Em Novembro de 2019, o poeta, tradutor, editor e professor Arthur Sze venceu o National Book Award For Poetry, nos Estados Unidos, com Sight Lines, a sua décima colectânea de poesia.

Desde a noite da cerimónia, em Nova Iorque, obras de Sze surgiram pelo menos três vezes nas páginas da New Yorker, a última já em Abril deste ano.

Chega agora a outra revista, a Acanto, editada em Leiria, que segundo o director, Paulo José Costa, é a primeira em Portugal a traduzir e publicar o autor americano de ascendência chinesa residente em Santa Fé, no Novo México.

Apresentada em Março, no Ronda – Leiria Poetry Festival, em que Arthur Sze participou à distância no primeiro dia, entrevistado online por Isabel Lucas, a revista de poesia Acanto salta fronteiras logo no número dois, que tem lançamento agendado para o próximo domingo, pelas 16 horas, no Teatro Miguel Franco, no contexto da Feira do Livro de Leiria e com a presença anunciada do antigo ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.

No miolo de 112 páginas que constitui o segundo momento da Acanto encontram-se colaborações de 19 autores, entre eles, Alfredo Pérez Alencart (Perú), Emma Fondevila García (Argentina), Emilio Muñiz Castro (Espanha), Gérard Cartier (França), Jean-Albert Guénégan (França), José Iniesta (Espanha), Leonardo Tonus (Brasil), Myriam Soufy (Tunísia), Rafael Zacca (Brasil) e Ricardo Virtanen (Espanha).

“A aposta neste número foi sairmos de portas e publicarmos outras linguagens”, de “outras latitudes”, reconhece Paulo José Costa, para quem a colaboração de Arthur Sze, com três poemas, SleepersPyrocumulus e Among Spruce, “credibiliza” a Acanto e “vai fazer algum frisson no campo editorial”, dado o “destaque e proeminência que este poeta tem nos Estados Unidos”.

Porém, não é o único a estrear-se em português pela mão da Acanto. Segundo Paulo José Costa, o mesmo acontece com Gérard Cartier e Myriam Soufy.

De Portugal, participam Helena Costa Carvalho, Isabel Ponce de Leão, José do Carmo Francisco, Luís Filipe Castro Mendes, Manuel Neto dos Santos, Paulo Chagas, David Teles Ferreira e Fernando José Rodrigues, os dois últimos de Leiria.

Além de poesia, há convocação da memória (José do Carmo Francisco sobre Leonoreta Leitão, poetisa nascida em Leiria no ano de 1929), ensaio (de Isabel Ponce de Leão, com o título Sob a levedura do medo) e ilustração de Hirondino Pedro, Pedro André e Fulvio Capurso.

Na Feira do Livro de Leiria, será apresentado o site da Acanto, que abre a possibilidade de utilização de som e vídeo, em próximas edições.

Na origem da Acanto estão os serões literários realizados na freguesia de Cortes. Tal como no Ronda – Leiria Poetry Festival, e, anteriormente, na Ronda Poética, eventos a que Paulo José Costa também está ligado, existe o objectivo de afirmar o legado de produção poética que persiste na cidade, e na região, e que remonta às cantigas de D. Dinis e às obras de Francisco Rodrigues Lobo e de Afonso Lopes Vieira.

O principal apoio para a materialização da Acanto chega da Câmara Municipal de Leiria, que adquire os 250 exemplares do número dois da revista trimestral de poesia, que deverão, posteriormente, ser disponibilizados para aquisição pelo público.

Autoria: Cláudia Garcia

Fonte: in site Jornal de Leiria

Do confinamento nasceu “Nas suas Casas os Homens”

Da poesia nasceu a ilustração, a música, um vídeo e uma exposição. Um encontro que sai da casa que é cada um dos autores para uma proposta múltipla revelada na Feira do Livro de Leiria.

Os textos de Paulo José Costa, escritos em março de 2020, nos primeiros tempos de confinamento, germinaram. Quase ano e meio depois, os frutos brotam agora em forma de exposição e de livro, a apresentar este sábado. Mas ao longo desta “estação” que nos impôs a reclusão, outros foram surgindo. Antes deles, contudo, “Nas suas Casas os Homens” cresceu à medida que a poesia convocava as ilustrações de Pedro André e a música de João Faria (reunida em disco no Bandcamp). Os três desenvolveram um projeto múltiplo, no meio de um ambiente “ora distópico, ora esperançoso”, uma atmosfera que “não estávamos preparados para vivenciar”, assume Paulo José Costa.

As diversas vertentes de “Nas suas Casas os Homens” revelam isso mesmo: o trabalho de cada um deles, recolhidos nas suas habitações, sem saber o que o futuro reservava; e encarando, simultaneamente, esse espaço individual como local de criação e fruição – mas também claustrofóbico. “Casa é um espaço onde nos sentimos confortáveis mas também onde nos sentimos aprisionados. Esta dictomia e paradoxo que vivemos é claramente a metáfora para a criação deste projeto”.

Um dos aliciantes reside precisamente aí: a possibilidade – e necessidade – de dar forma a algo numa atmosfera nova, um processo marcado por “grande frustração, grande mágoa, grande incapacidade de olhar o futuro de forma objetiva”, explicou o poeta em março deste ano, na primeira aparição de “Nas suas Casas os Homens”, em contexto da Ronda Leiria Poetry Festival.

Aí viram-se – lá está – os primeiros frutos desta colaboração entre o escritor, o ilustrador e o músico, numa exposição no Banco das Artes Galeria, que agora ganha nova vida na Galeria Manuel Artur Santos, no Mercado de Santana, impulsionada pela edição (da editora Hora de Ler) e pelo regresso da Feira do Livro a Leiria.

Realizando a intenção dos autores, o projeto assume novas dimensões, cumprindo um desígnio não-descartável e acrescentando camadas à combinação original de “três linguagens em interpretações sincréticas”, desenvolvidas de forma a permitir “rever o passado, sentir o presente e, não conseguindo transformar o futuro, de alguma maneira transformar-nos a nós de forma dinâmica e um pouco libertadora”, descreve Paulo José Costa. “Queria que tivesse uma função de revitalização”, algo que seja “transformador em sentido positivo”.

“Nas suas Casas os Homens” é apresentado este sábado, dia 26, às 18 horas, no Mercado Santana, com a presença dos autores e ainda dos convidados Irina Oliveira (cineasta), André Barros (compositor e músico), Hirondino Pedro (artista plástico) e Luis Marques da Cruz (realizador e argumentista). Na sessão serão lidos poemas, ouvidos temas sonoros, será visualizada uma instalação vídeo, entre outros momentos.

Autoria: Manuel Leiria

Fonte: in site Região de Leiria

Nesta Casa Comum, a arte toma partido pela Natureza

É inaugurada hoje, no BAG – Banco das Artes Galeria, em Leiria, a nova exposição de Hirondino Pedro e Sílvia Patrício

Diz o (quase) consenso científico que estamos a experienciar um período em que o ser humano, enquanto espécie, contribui para alterações climáticas com efeitos potencialmente devastadores, mas, na exposição Casa Comum, de Hirondino Pedro e Sílvia Patrício, com pintura, desenho, escultura, instalação e fotografia, a inaugurar esta sexta-feira, 30 de Abril, em Leiria, a Natureza retoma o centro dos acontecimentos.

Nesta Casa Comum, a casa é, já se vê, “uma metáfora” para o planeta.

“Há muitos elementos na Natureza, incluindo o Homem”, explica Hirondino Pedro. “E só cuidando deles poderemos sobreviver”.

É a arte “a pensar os problemas reais que vivemos hoje”. E a procurar respostas. Hirondino Pedro dá-lhe nome: arte regenerativa.

O mote encontra-se, por outro lado, na instalação O Diálogo das Quatro Estações, de Sílvia Patrício, que se inspira no conflito e na desordem a que os dias e as noites estão sujeitos, na actualidade, com Verão e Inverno tantas vezes fora de tempo.

“Cada uma [das estações] tem de encontrar o seu lugar e não consegue”, comenta.

Ou, ainda, nas duas braçadeiras em bronze com que a artista de Leiria conduz o olhar para a situação dos refugiados que morrem a tentar atravessar o Mediterrâneo.

“A economia põe o objecto acima da Natureza e da vida humana”, resume. O peso do metal sobrepõe-se, afunda valores.

Casa Comum, aberta ao público a partir de amanhã, 1 de Maio, no BAG – Banco das Artes Galeria, é uma reflexão a dois, tanto artística como ecológica, que constrói uma ponte entre o mundo interior e o mundo exterior, com Sílvia Patrício num plano idílico, transcendental, como um grito silencioso, e Hirondino Pedro a expressar a potência, a diversidade e a fertilidade contidas na matéria.

Uma exposição com som e cheiro, com sementes e flores, com areia no chão e plantas, que tem também um lado de activismo, de intervenção, de apelo à acção.

“Regenerar a cultura e regenerar a Natureza” para “regenerar o social”, propõe Hirondino Pedro.

O circuito expositivo coloca o público perante uma série de aguarelas em que árvores são destruídas com o auxílio de máquinas e ferramentas, a tecnologia que só a civilização é capaz de produzir.

Segue-se, na primeira sala, uma estrutura construída a partir de canas e, nas paredes, diversos trabalhos dispostos com menos régua e esquadro do que costuma acontecer numa galeria ou museu, opção que permite a comparação com as interdependências entre plantas no contexto natural, sem ordem aparente.

Já no piso superior do BAG, a pintura Paraíso, de Sílvia Patrício, procura representar a relação “entre a natureza e a economia, um serpentear de um sobre o outro, como que um jogo”, eventualmente marcado por deslumbramento ou tragédia.

Na derradeira sala, o chão coberto de areia, um oceano, uma mulher, “ambos berços da vida”, escreve Sílvia Patrício no texto de apoio à exposição, desafiam a contemplar e a reflectir.

E, em Casa Comum, está sempre presente o convite para colocar a Natureza e a vida humana à frente dos guiões materialistas que, quase sempre, orientam o quotidiano.

“Um olhar activista sobre a sociedade e os tempos de agora”, resume Ana David Mendes, coordenadora do BAG.

Casa Comum, para ver até 18 de Julho, em Leiria.

Fonte: in site Jornal de Leiria